De uma jovem de apenas 18 anos,que reside no R.G.N. na cidade de Natal.
" No dia 10 de junho, cerca de cinco mil pessoas estavam protestando na Avenida Paulista e foram violentamente reprimidas pela Policia Militar de São Paulo. Os horrores cometidos pela PM circularam pela internet e muitas pessoas se dispuseram a participar do próximo ato, que seria realizado no dia 13 de junho. Estava em pauta a revogação no aumento das tarifas de ônibus, que possuem preços absurdos e excluem diversas pessoas de seu direito de ir e vir, isso na própria cidade onde moram.
Assim eclodiu a onda de protestos que toma conta de todo o Brasil atualmente. Mas não foi na cidade de São Paulo que tudo começou. No dia 15 de maio, na cidade de Natal, os estudantes já saíam às ruas para reclamar o aumento nas passagens. Assim como na capital paulista, os natalenses sofreram com a forte repreensão da PM e foram chamados de “vândalos” e “baderneiros” pela mídia e grande parte da população. Lembrando que em agosto de 2012 as pessoas já tinham ido às ruas pelo mesmo motivo.
Porto Alegre e Goiânia também se adiantaram nas manifestações e reclamava do preço abusivo das passagens em março e maio, respectivamente. Mas porque só em São Paulo a coisa tomou proporções tão grandiosas? São Paulo possui cerca de 11 milhões de habitantes e tem visibilidade em todo o mundo, talvez por isso os protestos tenham “explodido” por lá. Mas vale lembrar que nem todos foram organizados pelo MPL (Movimento Passe Livre), embora muitos tentassem se passar por organizações legítimas desse movimento.
Vivemos então um final de semana extremamente violento em diversos lugares do país. Era o início da Copa das Confederações e muitos manifestantes foram às ruas pelo simples direito de protestar. O que houve em São Paulo mostrou ao resto do país que esse direito estava sendo ameaçado. Principalmente com a “lei da copa”, uma legislação provisória que vale durante os eventos da FIFA, onde em algumas áreas publicas torna-se proibido qualquer tipo de manifestações políticas.
Curiosamente, depois disso, os mesmos meios de comunicação conservadores que incentivaram as ações violentas da PM e chamaram os manifestantes de vândalos, em seus editoriais, agora diziam que de fato as pessoas deveriam ir às ruas. Só que com outras bandeiras. Isso não seria um problema, se as pessoas não tivessem, de fato, saído à rua com as bandeiras propostas pela mídia. O clima, na segunda-feira 17, era outro. Era como se a manifestação não fosse política e como se não estivesse acontecendo no mesmo planeta em que as manifestações do fim de semana.
Acontece que dentro da euforia de protestar a causa se perdeu. Os novos manifestantes lutam por causas justas, porém gerais, como o fim da corrupção e melhorias na educação, saúde e segurança. Muitos brasileiros e brasileiras vão as ruas sem saber ao certo o porquê; protestar virou “moda”, falar sobre PEC 37 virou moda, reclamar do governo, vestir a bandeira do Brasil, pintar a cara de verde e amarelo, ser contra a Copa do Mundo de Futebol, tudo isso virou moda. E no meio do modismo protestante surgiu a ideia (absurda) de que tudo é culpa do Presidente da República e alguns quiseram, portanto, o impeachment da Dilma (atual presidente do Brasil). Faltou informação.
Abaixo listo cinco informações importantes para quem quer ver a presidenta fora do comando:
1. Não é o Presidente da República que elege o Presidente do Senado. É o próprio Senado que escolhe o seu presidente. Assim, a Dilma não pode chegar no Senado e colocar o Renan Calheiros para fora, como é o desejo de muitos.
2. Presidente da República não tem o poder de determinar a prisão de ninguém. Por esse motivo, caso os manifestantes queiram ver os "mensaleiros" na cadeia, terão que pedir isso ao Ministro Joaquim Barbosa, pois é o Poder Judiciário – mais especificamente no caso dos mensaleiros, o STF - quem tem competência para fazê-lo.
3. Presidente da República não veta Emenda Constitucional. Sendo assim, não é para a Dilma que deve ser pedida a não aprovação da PEC 37, mas, sim, ao Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
4. Não é atribuição do Presidente da República instaurar CPI. Quem instaura CPI é o Poder Legislativo (no âmbito federal, a Câmara dos Deputados e/ou o Senado Federal).
5. Transporte público municipal é de competência dos municípios, não do Presidente da República. Então, a pessoa mais indicada para resolver a causa inicial dos protestos é o prefeito de cada cidade, e não a Dilma.
Após esse pequeno esclarecimento, é válido lembrar que qualquer levante popular em que a pauta não é muito definida cria-se uma situação de instabilidade política que pode virar qualquer coisa. Vimos isso no início do Estado Novo e no golpe de 1964, ambos extremamente fascistas. Não quer dizer que desta vez seja igual, mas a história nos pede no mínimo um pouco mais de atenção e cuidado."
Ana Luisa Hernandes Nolla.
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