Noruegueses vão bancar em MT plano do 'desmatamento evitado'

Os noruegueses devem bancar o plano-piloto do desmatamento evitado, programa defendido pelo governador Blairo Maggi na 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada semana passada, em Bali, na Indonésia.

O programa deve ser implantado primeiro em Alta Floresta e numa outra região ainda em estudo, provavelmente no município de Apiacás. Esse programa, defendido também por outras nações na conferência mundial, dá crédito em dinheiro aos produtores que mantiverem parte de suas vegetações intactas.

Isto é, quem não desmata ganha por, segundo Maggi e outros apoiadores da idéia, "serviços ambientais prestados". Não há um cálculo definido sobre quanto deve ganhar o produtor por manter a floresta em pé.

De acordo com o governador Blairo Maggi e o secretário estadual do Meio Ambiente, a proposta do desmatamento evitado recebeu apoio de países como a Noruega, Alemanha, Nova Zelândia, entre outros.

O governador disse ainda nesta quarta-feira (19.12) que Mato Grosso foi elogiado porque "não foi prometer mudanças, e sim, mostrar o que já está sendo feito pelo governo em parceria com a iniciativa privada".

O RISCO

Maggi informou também que o programa que prevê a preservação da natureza por meio de compensação financeira a quem não desmata possui um detalhe de risco.

Ele acha que países dispostos em bancar a idéia têm de ser observado. Um exemplo: Estados Unidos da América pode aderir ao plano contribuindo financeiramente, mas sem desacelerar sua produção industrial.

Isto é, os EUA estariam ajudando a não desmatar uma região distante de seu país, mas emitindo gases tóxicos e comprometendo a estabilidade ambiental do planeta.

Segundo Maggi, uma comitiva da Noruega virá a Mato Grosso no ano que vem conhecer os programas apresentados durante a Conferência.

O país, que possuí um fundo sobre sua produção de petróleo destinado para investir em conservação ambiental, comprometeu-se em aplicar recursos na preservação da Amazônia Legal.

Mato Grosso será um dos primeiros Estados a serem beneficiados, com previsão de que este fundo seja aplicado a partir de janeiro em projetos pilotos que serão implantados em diversas áreas do Estado.

SATÉLITE

O governador citou como exemplo o Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais (SLAPR), onde Mato Grosso é o único no País que utiliza o sistema e já cadastrou 35% das propriedades neste novo modelo.

O sistema é totalmente digitalizado utilizando imagens de satélite para a fiscalização em campo. O modelo localiza desmatamentos ilegais nas propriedades licenciadas.

Outro programa que recebeu elogios, segundo Maggi e Luiz Daldegan, foi o MT Floresta, principalmente das parcerias onde pequenos produtores rurais reflorestam suas áreas com seringueiras.

Cada família garante uma renda em torno de R$ 2,2 mil durante um período longo, aproximadamente 30 anos, o tempo de vida produtiva da árvore.

Um dos defensores desta proposta durante o encontro foi o coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário. Ele reforçou a importância da presença do governador e dos produtores rurais do Estado nas discussões da Conferência, como forma de mostrar que o empenho está realmente acontecendo pela conservação e recuperação do meio ambiente.

A comitiva estadual que viajou a Bali [60 horas de vôo daqui de Cuiabá a Indonésia] foi formada por poder público e representantes dos setores madeireiro, da soja, do algodão, e também do setor bovino.

Uma vitória política da proposta mato-grossense, segundo Maggi, foi a sua inclusão na pauta do governo federal, que não demonstrava apoio ao projeto de desmatamento evitado anteriormente à Conferência, e sua inclusão ainda no texto final do encontro.

O secretário de Meio Ambiente, Luis Daldegan, explicou que todos os países possuem o poder de veto, o que dificulta qualquer inclusão no texto que servirá para as novas rodadas de discussões do meio ambiente.

Daldegan comentou que a presença dos setores produtivos ajuda a validar e fortalecer a proposta dom País. Mato Grosso foi o único Estado convido a participar da conferência, o que nas palavras do secretário mostra o trabalho que vem sendo desenvolvido.

Blairo Maggi lembrou da importância econômica do governo participar destas conferências internacionais. "É temos que mostrar o que estamos fazendo para sermos respeitados", comentou. A preocupação é em relação a informações distorcidas que podem gerar perdas de mercado e bloqueios internacionais.

MATO GROSSO

O governador apresentou os números da produção mato-grossense, o quanto do território é ocupado por atividades agrícolas (são 36% da área do Estado ocupadas pela agricultura - 64% está preservado, incluindo as terras indígenas) e destacou as ações ambientais implantadas pelo Governo e como vem sendo conduzidas em parceria com o setor produtivo.

A dinamização da economia no Estado também foi defendida pelo governador como uma forma de conservação ambiental. O maior número de empresas que transformam os produtos primários em manufaturados geram emprego e renda as pessoas onde estão instaladas, assim, estas pessoas deixam a necessidade de retirar o seu sustento das florestas.

fonte: NoticiaDigital

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