Cientistas cobram comprometimento dos governos contra aquecimento global



As mudanças climáticas não são algo catastrófico ou emergencial, mas exigem medidas urgentes. Segundo Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas (ONU), foi isso que motivou o manifesto apresentado ontem (6) em Bali (na Indonésia) pela comunidade científica.
Ao lado de outros 211 cientistas (diversos deles do IPCC), Artaxo assina o documento que pede comprometimento de governos do mundo todo com a redução da emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa. “A humanidade tem de fazer algo efetivo e não só ficar em discussões diplomáticas”, defende o professor.
No manifesto, a comunidade científica pede a conclusão, até 2009, de um tratado mundial sobre alterações climáticas. O objetivo principal desse novo regime deve ser a limitação do aquecimento global em, no máximo, dois graus centígrados acima da temperatura na era pré-industrial.
De acordo com o documento, para manter o aquecimento global abaixo de dois graus, as emissões de gases de efeito estufa devem atingir um ponto máximo e começar a cair nos próximos 10 a 15 anos. “Com base em conhecimentos científicos atuais, requer-se que as emissões de gás que provocam o efeito de estufa sejam reduzidas em pelo menos 50% em relação aos níveis de 1990, até 2050”, diz o texto.
Paulo Artaxo destaca que a temperatura média da Terra subiu 0,76 grau nos últimos 150 anos. Mantendo-se os níveis atuais de emissões, o limite de dois graus seria alcançado entre 2050 e 2060. “Se não desacelerarmos logo essa tendência, milhões de pessoas correrão o risco de eventos extremos como ondas de calor, secas, inundações e tempestades. Nossas zonas costeiras e cidades ficarão ameaçadas pela subida do nível do mar e muitos ecossistemas, plantas e espécies animais serão expostos ao perigo de extinção”, alertam os mais de 200 cientistas do mundo todo.
Entre os 212 signatários está mais um brasileiro: o pesquisador brasileiro José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Epaciais (Inpe) e membro do IPCC. O documento, intitulado Declaração de Bali dos Cientistas, teve apoio do Centro de Estudos de Alterações Climáticas da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sidney, Austrália.
Embora o texto mencione resultados do último relatório do IPCC e seja assinado por diversos cientistas do painel, Paulo Artaxo frisa que se trata de uma iniciativa independente da comunidade científica e que o IPCC não endossa o manifesto. Segundo ele, não cabe ao painel fazer recomendações, pois o órgão político da ONU para o tema é a Convenção Climática.

fonte:AB

Um comentário:

Anônimo disse...
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