Amazônia qual a melhor solução


foto:mongabay

Nós, aqui na BBC Brasil, escolhemos um tema específico: a polêmica em torno da construção de duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira, um dos mais importantes da Amazônia. Nossa série especial, da repórter Carolina Glycerio, tem como objetivo mostrar quais os riscos de uma obra de grande porte para a comunidade e o ecossistema locais e qual a sua importância, diante das necessidades do país e da própria região.

Como mostra a nossa reportagem, as futuras hidrelétricas no Rio Madeira já dividem a comunidade local. Uns temem pelos impactos do alagamento provocado pelas barragens, enquanto outros vêem com bons olhos a chegada do "progresso". Mas qualquer intervenção do ser humano no coração da floresta pode ter conseqüências que vão além da região e seus moradores, seus peixes e suas plantas. A Amazônia, sempre chamada de "pulmão do planeta", é considerada vital para o combate ao aquecimento global, por causa do trabalho de retenção de gás carbônico (CO2) feito por sua vegetação. Mas, se ela for destruída, o impacto negativo, segundo cientistas, será dobrado: a morte de grande parte da floresta não apenas deixará o planeta sem um importante alívio às emissões de carbono, mas agravará ainda mais o problema.

Segundo especialistas que estudam a relação entre grandes florestas e o efeito estufa, o desaparecimento gradual da Amazônia pode fazer da floresta o maior emissor de gás carbônico do mundo. Como lembra reportagem desta semana da revista Newsweek, o carbono hoje guardado na vegetação passaria para a atmosfera, num processo que faria da Amazônia o maior vilão do aquecimento global em todo o mundo. E por que a Amazônia desapareceria? Devido à ação direta do homem, como em queimadas ou corte de árvores, mas também, e cada vez mais, pelos próprios efeitos do aquecimento global, que tem tornado o clima na região amazônica mais seco. Portanto um planeta mais quente contribui para a destruição da Amazônia, o que por sua vez vai aquecer ainda mais a Terra. De vítima, a Amazônia passaria a ser uma ameaça.

As usinas previstas para o Rio Madeira não têm, elas mesmas, responsabilidade direta sobre esse processo. Nem os moradores dos rincões do Brasil devem ser vistos como cidadãos de segunda classe, sem direito a saneamento básico, eletricidade ou estradas. Mas o aproveitamento do potencial econômico da Amazônia, seja em seus rios, seu solo ou seus minérios, revive a famosa questão: se a região deve ser vista como um santuário, do qual depende todo o planeta, ou uma área a ser explorada economicamente, mesmo de forma criteriosa e dentro da lei. Quando tivermos finalmente a resposta, talvez seja tarde demais.

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