Qualidade do biodiesel, um combustível derivado de fontes renováveis


Reduzir os níveis de poluição e os custos da utilização de petróleo: foi com essa idéia que surgiu o biodiesel, um combustível derivado de fontes renováveis. Mas como saber se é boa a qualidade do nosso biodiesel?

Um combustível de baixa qualidade, além de danificar o veículo, pode provocar problemas de saúde. Análises mostram grande quantidade de resíduos que podem também prejudicar o motor dos automóveis.

Uma pesquisa feita pela Universidade de Campinas (Unicamp) mostrou que o biodiesel não está passando por todas as etapas de purificação necessárias.

Mistura de álcool com óleo vegetal, o biodiesel surgiu como esperança para reduzir a poluição. Mas o pesquisador Rodrigo Ramos Catarin, especialista da Universidade de Campinas, que coletou amostras em dez distribuidoras nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, denuncia: o biodiesel usado hoje no país não tem qualidade.

O principal motivo é que os produtores não estariam respeitando todas as etapas de purificação necessárias. No Laboratório de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os cientistas comparam o biodiesel mais puro com o de má qualidade, escuro e com resíduos no fundo. Na queima, esse combustível contaminado libera substâncias que podem fazer mal ao organismo.

“Uma das substâncias que pode ser liberada nesses produtos de má qualidade é a acroleína, muito ligada a casos de câncer, por exemplo. É uma substância tóxica”, alerta o pesquisador Rodrigo Ramos Catarin.

Trata-se de uma ameaça também para os motores dos veículos. “De ignição à partidas, pode fundir o motor”, acrescenta Rodrigo Ramos Catarin.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biodiesel (Abiodiesel), Nivaldo Trama, admite o problema.

“O pequeno produtor por medida de economia, ou por não ter o laboratório, ele vai no visual do produto. É aí que mora o perigo”, alerta o presidente da Abiodiesel, Nivaldo Trama.

O Brasil é o primeiro país do mundo a fazer uma análise como essa para os biocombustíveis. A tecnologia foi obtida com a ajuda de um equipamento, importado dos Estados Unidos. É um espectrômetro de massa,que tira uma radiografia dos componentes do biodiesel e repassa as informações para o computador.

Esta tecnologia já está sendo transferida para o Inmetro, que se comprometeu a estabelecer regras para certificar o biocombustível brasileiro.

“Até o final de 2008, nós devemos ter já uma gama de matérias de referência, com várias propriedades importantes de interesse na comercialização do biocombustível, já validados e aceitos internacionalmente pelos maiores institutos do mundo”, afirmou o presidente do Inmetro, João Jornada.

Mesmo com a constatação da qualidade inferior, o biodiesel, segundo a Unicamp, ainda é menos poluente que o diesel convencional.

Em nota, a Associação Nacional do Petróleo (ANP) informou que faz avaliações permanentes da qualidade do biodiesel vendido no país. Esse acompanhamento é feito nos produtores autorizados, nas distribuidoras e em postos revendedores.

Até hoje, segundo a ANP, a quantidade de biodiesel fora do padrão encontrada foi inexpressiva. O combustível fora das especificações, segundo a agência, é apreendido.


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