Governador de Roraima acusa ONGs de usar índios para explorar Amazônia

O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), acusou nesta quinta-feira organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras de se aproveitarem da questão indígena para tirar benefício da Amazônia brasileira.

Anchieta, cujo Estado tem 46,24 por cento do território ocupado por demarcações indígenas, afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém uma política indigenista "caótica, incoerente e irresponsável", que põe em risco a soberania nacional por criar enormes demarcações territoriais para os índios em locais estratégicos.

"O índio brasileiro é apenas coadjuvante. Os atores principais estão atrás de uma cortina de fogo. Eles estão sendo usados como bode expiatório", disse Anchieta, durante seminário no Clube da Aeronáutica do Rio de Janeiro para debater a Amazônia e a soberania nacional.

"Há uma coincidência imensa que essas demarcações aconteçam em áreas com muitas riquezas de ouro e diamantes. Nós temos certeza que não foram os índios que fizeram prospecção", acrescentou.

O governador de Roraima - onde índios da reserva Raposa Serra do Sol entraram em confronto com funcionários de uma fazenda no início do mês - concordou ainda com recente afirmação do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, que criticou a demarcação da reserva por ser localizada numa região de fronteira. Dez índios foram feridos na Fazenda Depósito, de propriedade do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartieiro (DEM).

Segundo o governador, os conflitos armados na região são de interesse dessas ONGs. "As ONGs estrangeiras querem um cadáver indígena para dizer ao mundo que o Brasil não sabe cuidar dos seus índios", afirmou.

A demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol, que foi homologada pelo presidente Lula em 2005, é alvo de disputa entre índios e plantadores de arroz de Roraima. A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança chegaram a ser enviadas ao local para realizar a retirada de não-índios da região, mas a operação foi suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Seis grandes plantadores de arroz se recusam a deixar a reserva.

Roraima tem 1.248 quilômetros de fronteira com a Venezuela e 964 quilômetros com a Guiana, país de colonização britânica. Apenas 350 quilômetros da fronteira do Estado não correspondem a territórios indígenas, segundo o governador.

"O índio não atrapalha a soberania, o que atrapalha é a demarcação em áreas contínuas deixando só eles. Tem que se somar a presença do índio e dos não-índios", defendeu o governador.

CONTROLE DA AMAZÔNIA

De acordo com Anchieta, ONGs estrangeiras estariam financiado entidades em Roraima que defendem as reservas indígenas contínuas na Amazônia para não permitir o maior controle brasileiro sobre essas áreas.


"O ministro mandou um exército que se porta lá em Roraima como se nós fossemos Iraque e eles 'mariners'. O Tarso Genro é terrorista", disse Paulo César Quartiero, que passou nove dias presos após o conflito de seus funcionários com índios, acusado de posse de artefatos explosivos em sua fazenda e formação de quadrilha.

De acordo com o prefeito, a área contínua da reserva indígena ocupa 97,4 por cento do território do município.

"Teve gente em Pacaraima que já pediu asilo político na Venezuela."

A decisão do STF sobre as ações que contestam a demarcação da terra indígena deve sair em junho. O governo de Roraima questiona o laudo antropológico utilizado pelo governo federal para a homologação da reserva em área continua.

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