Fertilização do plâncton para absorção de CO2


A fertilização do plâncton marinho para aumentar a capacidade de absorção de CO2 pelos oceanos é uma tecnologia desconhecida, que traz riscos para esse meio, advertiu nesta segunda-feira a União Mundial para a Natureza (UICN).
"Inúmeros cientistas criticam esta tecnologia que se baseia em estudos não comprovados sobre o potencial de seqüestro do CO2, o principal gás de efeito estufa a longo prazo; mas apresenta riscos elevados para o meio marinho", anuncia em nota a UICN, organismo multilateral que reúne mais de 80 Estados e especialistas de ONGs.
Semana passada, a Convenção de Londres sobre a Poluição Marinha pela Imersão de Dejetos exprimiu oficialmente suas preocupações, considerando os "conhecimentos sobre a eficácia e os impactos desta tecnologia atualmente insuficientes para justificar operações de grande porte".
No último relatório, aprovado oficialmente na sexta-feira em Valência, o Painel Intergovernamental para a Mudança Climática descreve o processo de fertilização dos oceanos como "especulativo e não comprovado, comportando riscos de efeitos secundários desconhecidos".
Kristina Gjerde, conselheira da UICN sobre oceanos e o alto-mar, ouvida pela AFP, alerta os governos que vão se reunir mês que vem em Bali, durante a conferência da ONU sobre mudança climática: "Eles devem analisar todos os impactos possíveis e se assegurar de regularizar com muito cuidado o uso desta tecnologia".
"Atualmente, prossegue ela, numerosas companhias, essencialmente americanas e australianas, fazem uma promoção agressiva desta tecnologia para lutar contra o efeito estufa".
"Ora, acrescentar ferro ou outros micronutrientes ao oceano aumenta o risco de produção de óxido, de nitrogênio ou de metano, com poderes de aquecimento maiores que o CO2 e de privar de oxigênio os oceanos profundos e as águas da superfície, o que seria fatal para inúmeras espécies", explica ela.
Kristina Gjerde cita também, entre as conseqüências possíveis desta tecnologia, "a proliferação de algas tóxicas", já observada na Flórida sob o efeito de tempestades de poeira vindas do Saara, que apresentam partículas ricas em ferro.
fonte:AFP/Google

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